Lilith é uma figura da mitologia hebraica mencionada como a primeira esposa de Adão na Torá e em diversos textos midrásicos. Em algumas interpretações, Lilith é descrita como uma mulher independente e rebelde que recusa submissão a Adão e, como resultado, é banida do jardim do Éden.
Em outras interpretações, ela é vista como uma deusa pagã associada ao poder feminino e à sexualidade. Em algumas culturas, Lilith é associada ao mal, sendo vista como uma criatura demoníaca. Em outras, ela é adorada como uma divindade benéfica e protetora.
Sobre a lenda de Lilith
![Lilith localizada no centro como cobra. Adão (esquerda) e Eva (direita) ao lado.](https://www.planetapop.com.br/wp-content/uploads/2023/01/eyJidWNrZXQiOiJjb250ZW50Lmhzd3N0YXRpYy5jb20iLCJrZXkiOiJnaWZcL2xpbGl0aC0xLmpwZyIsImVkaXRzIjp7InJlc2l6.webp)
De acordo com J. Gordon Melton, Lilith é “uma das mais famosas figuras do folclore hebreu, originou-se de um espírito maligno tempestuoso e mais tarde se tornou identificada com a noite”.
Lilith é mencionada em fontes antigas, incluindo o épico babilônico de Gilgamesh (2000 a.C.), Talmude Babilônico, Zohar (livro do Esplendor), e na Cabala. Relatos são variados e discordantes. Como o professor de seu catequizando é judeu, provavelmente ele esteja se referindo à versão que consta no Talmude Babilônico.
O texto de referência deste Talmude é a edição hebraica e inglesa, intitulada “The Babylonian Talmud” organizada pelo rabino Epstein. Esta edição foi publicada pela Socino Press, de Londres, em 1978.
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Por esse motivo ela não teria aceitado uma posição inferior em relação ao homem, pois sendo criada da mesma forma, exigia os mesmos direitos, não aceitou uma posição submissa e assim desentendeu-se com Adão.
No primeiro ato sexual, Lilith não aceitou ficar por baixo, aguentando o peso do corpo do companheiro e exigiu ter também o direito ao gozo e ao prazer sexual.
Como não foi atendida em seus anseios, ela se revolta e pronuncia o nome “inefável” que lhe deu asas por meio das quais fugiu do Jardim do Éden.
Assim, Lilith abandonou Adão com quem não se entendia e foi para as margens do Mar Vermelho. Adão ficou só e reclamando, tendo medo da escuridão opressora.
Daí haver uma relação entre Lilith e a Lua Negra, a escuridão da noite, por isso a associação dela com a coruja, o pássaro noturno. Segundo a tradição talmúdica, Lilith é a “Rainha do Mal”, a “Mãe dos Demônios” e a “Lua Negra”.
Deus enviou três anjos para trazer Lilith de volta ao Éden, mas ela se recusou. Como resultado, ela foi expulsa e substituída por Eva, uma mulher submissa feita de uma costela de Adão.
Segundo a tradição hebraica, Lilith se estabeleceu nas margens do Mar Vermelho com os demônios e espíritos malignos, tornando-se um demônio por se afirmar contra o homem e questionar seu poder.
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A Tese do sumiço da lenda de Lilith da Bíblia
Segundo Roberto Sicuteri autor do livro “Lilith, A Lua Negra”, houve uma transposição da versão javista da Bíblia para a versão sacerdotal. Foi aí, que segundo ele, a lenda de Lilith teria sido eliminada da Bíblia, fazendo todos crerem que foi Eva a primeira mulher, mas em Isaías 34,14 ficara ainda um indício sobre Lilith.
Resposta à questão:
A tese de Roberto Sicuteri de que uma tradição sacerdotal suplantou uma anterior javista não é comprovada pelos especialistas.
As tradições javista, sacerdotal e eloísta identificadas na crítica científica do Antigo Testamento são apenas hipóteses de estudo, e não existe consenso sobre sua existência ou sucessão. Afirmar uma suplantou a outra é imprudente.
Não há evidência de que os textos bíblicos tenham sido alterados por homens não “fiéis” a Deus. Existem mais de 56.000 manuscritos do Antigo Testamento preservados, desfazendo a tese de sua transposição. Além disso, é improvável que profetas tão próximos a Deus tenham enganado o povo de Israel com um texto falso.
Referência de figuras mitológicas na Bíblia cristã
Em Is 34,14 lemos:
“Nela se encontrarão cães e gatos selvagens, e os sátiros chamarão uns pelos outros; espectro noturno frequentará esses lugares e neles encontrará o seu repouso”
Tradução da Biblia “Ave-Maria”
“As feras do deserto se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão, e acharão lugar de repouso para si”
Tradução Almeida Corrigida e Fiel
O termo que no português foi traduzido como “espectro noturno” ou “animais noturnos” é “liyliyth”.
Segundo o léxico hebraico (3) “liyliyth” significa: “1. Deusa conhecida como um demônio da noite que assombra os lugares desolados de Edom. 2. Animal noturno habitando em lugares desolados”. Septuaginta traduziu o termo como “pardalis”, ou seja, pantera, ou fera negra.
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A Bíblia muita vezes se refere a agentes capazes de trazer o mal (demônios, feras selvagens e etc) por figuras mitológicas. Um exemplo é Leviatã referido no AT em Jó 3,8; 40,20; Sl 73,14; 103,26. No entanto, isso não significa que a Bíblia está endossando a existência do Dragão da mitologia fenícia.
Israel era cercado por povos pagãos, teve contato com a cultura deles, logo sofreu alguma influência por conta deste convívio. A Bíblia, embora seja considerada divina por cristãos, se expressa não poucas vezes de forma humana, para se fazer entender. Portanto, é natural que Deus, no texto, se sirva de termos comuns que signifiquem o mal. O próprio profeta Isaías também utilizou a figura de Leviatã em Is 27,1.
A existência de Lilith e suas histórias associadas, assim como a de demônios tendo relações sexuais com humanos e vampiros, são consideradas fantasia e não têm base em fatos. Não há evidência de que esses seres existam na realidade.
Para compreender o uso do termo “Lilith” por Isaías no capítulo 34, é importante lembrar seu significado no léxico hebraico. É importante também considerar os versículos anteriores ao versículo 14 do mesmo capítulo.
“A espada do Senhor está coberta de sangue, está impregnada de gordura, do sangue dos cordeiros e dos bodes, da gordura dos rins dos carneiros.
Porque há um sacrifício ao Senhor em Bosra, uma grande carnificina na terra de Edom; em vez de búfalos, os povos aí tombarão, uma multidão de robustos guerreiros, em lugar de touros. Sua terra embeber-se-á de sangue, o chão impregnar-se-á de gordura”
(Is 34,6-7)
Edom é a terra dos descendentes de Esaú, inimigos de Israel. Aqui o Profeta está anunciando que Deus fará justiça por Israel “porque é para o Senhor um dia de vingança, um ano de desforra para o defensor de Sião” (v. 8). Sião é o monte santo localizado em Belém, na Cidade de David (cf. 2Sm 5,7); é uma referência ao Povo de Israel.
Já que no folclore judaico Lilith é um demônio que aterroriza Edom, logo o profeta se utiliza desta figura para referir-se à desolação que se abaterá sobre os edomitas, tornando sua terra a morada do nada ou dos demônios (“liyliyth”).
A existência de Lilith apresenta outro problema teológico. Com o pecado original, Deus amaldiçoou a terra (cf. Gn 3,17) por isso o gene em Adão e Eva ficou “defeituoso” (pois vieram da terra). Se Adão perdeu seus “super poderes” com a maldição da terra, logo Lilith, que segundo a lenda foi formada da mesma terra, deixaria de ser um demônio e consequentemente voltaria a ser uma mortal.
***Com informações de Cleofas.
ATENÇÃO: Esse texto foi criado do ponto de vista abraâmico.
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